Constelação Familiar

Constelação Familiar, também chamada de Constelação Sistêmica é uma nova abordagem da Psicoterapia Sistêmica Fenomenológica criada e desenvolvida pelo psicoterapeuta, pedagogo e filósofo alemão Bert Hellinger após anos de pesquisas com famílias, empresas e organizações em várias partes do mundo, buscando o diagnóstico e solução de problemas e conflitos.

Constelação Familiar é um método psicoterapêutico que estuda os padrões de comportamento de grupos familiares através de suas gerações.

Na prática, a Constelação Familiar mostra que muitos de nossos problemas, doenças, incompreensões e sentimentos ruins podem estar ligados a outros familiares que passaram por essas mesmas adversidades, mesmo que não os tenhamos conhecido.

Esse método explica que há uma repetição de comportamentos, de acordo com gerações, mesmo que de uma maneira inconsciente.

Hellinger propôs que há uma “consciência de clã” em todos nós, que é norteada por simples “ordens arcaicas” ou “ordens do amor”, que se referem a três princípios norteadores:

1. A necessidade de pertencer ao grupo ou clã;

2. A necessidade de hierarquia dentro do grupo ou clã;

3. A necessidade de equilíbrio entre o dar e o receber nos relacionamentos.

Essas “ordens” atuam tanto em nossos relacionamentos familiares como em nossos relacionamentos íntimos e amorosos e a conexão harmoniosa com essas ordens nos dão uma sensação de paz e nos faz sentirmos acolhidos e pertencentes a um grupo.

As Ordens do Amor

São as leis e preceitos que embasam este método e que, de acordo com os estudos de Hellinger, têm grande potencial de influenciar uma pessoa, de forma individual, e também todo um sistema familiar.

Ao cumprir todas estas leis, que são a Lei do Pertencimento, a Lei da Hierarquia e a Lei do Equilíbrio, o indivíduo experimenta uma vida harmoniosa. Entretanto, se não forem cumpridas, existe grande chance de surgirem os desequilíbrios familiares, como problemas afetivos, problemas de ordem financeira, as fobias, doenças e até mesmo tendências suicidas.

Como funciona cada uma das leis e de que forma influenciam indivíduos e famílias como um todo:

-Lei do Pertencimento

Todos nós somos seres relacionais e temos a grande necessidade de pertencer a um grupo. Neste sentido, ao nascermos, precisamos nos sentir parte de um todo, ou seja, de um sistema familiar, que nos acolha e nos ofereça o afeto que precisamos para crescer de forma harmônica.

De acordo com Bert Hellinger, esta aceitação e acolhimento precisam acontecer independentemente de nossas ações, sejam elas boas ou ruins, o que, geralmente, acabam por não acontecer e geram os referidos desequilíbrios.

Isso quer dizer que, quando algum membro da família tem comportamentos considerados incorretos, ética e moralmente, como por exemplo, roubar, matar, cometer diversos outros tipos de abusos, a tendência é que os outros familiares acabem por tentar suprimir este fato, fazendo com que aquele que cometeu tais falhas seja afastado do convívio familiar, ou seja, excluído.

A questão é que quando isso acontece, acaba por gerar neste indivíduo o que a Constelação Familiar denomina de “Dor dos Excluídos”, que vai ocasionar problemas, não para ele, em si, mas para seus sucessores, para as gerações futuras da família, que são diretamente afetados pela situação, sem conseguirem, de fato, compreender o real motivo do problema que os impacta tanto.

Hellinger escreveu um livro, que se chama “Ordens do Amor” e nele explica que, quando um membro da família sofre este processo de exclusão, suas consequências são, invariável e inconscientemente, assumidas pelos membros subsequentes da família.

Para ele, a resolução do problema se dá quando o membro excluído é reintegrado à convivência familiar, uma vez que, com isso, as injustiças cometidas passam a ser compensadas, não havendo a necessidade de ocorrerem repetições nos destinos dos próximos familiares que vierem.

-Lei da Hierarquia

Seguindo adiante com as explicações acerca das Ordens do Amor de Bert Hellinger, após a Lei do Pertencimento, temos a Lei da Hierarquia. De acordo com ela, dentro do sistema familiar, cada pessoa ocupa uma posição, devendo esta ser reconhecida e valorizada pelos demais membros.

Isso quer dizer que, dentro da Lei da Hierarquia, é fundamental e necessário que se respeite aqueles que vieram primeiro, ou seja, os filhos devem respeito a seus pais e, estes, por sua vez, precisam respeitar aqueles que vieram antes deles, seus antepassados.

Neste sentido, o desequilíbrio nesta Lei ocorre quando os papéis se invertem, ou seja, quando os filhos ocupam, dentro da família, a posição que deveria ser de seus pais, o que pode acarretar nestes atitudes e comportamentos infantilizados, filhos mais nervosos, ansiosos e emocionalmente frágeis, visto que serão obrigados a suportar uma carga emocional que, em tese, não é sua e nem deveria ser.

É importante deixar claro que quando se fala em respeitar a hierarquia familiar, não está se dizendo a ninguém para manter comportamentos e padrões familiares, ou perpetuar sistemas vigentes de família. O que Hellinger quer ressaltar é a importância de manter o respeito àqueles que vieram antes de nós, honrando-os e aceitando a hierarquia de nossos antepassados, para que assim o equilíbrio da segunda ordem seja plenamente mantido.

-Lei do Equilíbrio

Chegando à terceira Ordem do Amor, que se trata da Lei do Equilíbrio, ela diz que, dentro de um sistema familiar, é fundamental que haja um equilíbrio entre o dar e receber. Isso quer dizer que é necessário que todos os membros doem e recebam afeto de maneira igualitária, para que assim as relações se mantenham permanentemente equilibradas.

No entanto, é comum observar relações, principalmente as afetivas, em que um membro do casal acaba por doar mais amor do que o outro, tendo mais demonstrações nesse sentido, do que seu parceiro ou parceira. E é exatamente nesse ponto que o desequilíbrio acontece.

Isso acontece, pois aquele que recebe mais afeto do que doa acaba por tornar-se dependente de seu parceiro e, em consequência disso, menos interessante, aos olhos do cônjuge que se doou em excesso. O resultado disso pode ser uma traição, já que o parceiro mais dedicado sempre sentirá que está faltando reciprocidade em seu relacionamento.

Além disso, este tipo de dinâmica pode também gerar uma culpa no parceiro que recebe mais afeto do que doa, justamente por não conseguir retribuir na mesma medida o amor recebido. Diante disso, a única saída que encontra é dar fim ao relacionamento ou passar a agredir verbalmente o parceiro que se doa demais, com o objetivo de diminuí-lo e tentar não sentir mais culpa.

Ainda dentro das questões que levam ao desequilíbrio dentro dessa Lei, estas podem se manifestar também quando algum membro da família abdica da própria vida, de seus próprios sonhos, anseios, carreira, emprego, entre outros, em benefício de filhos ou cônjuges.